Quando éramos crianças brincávamos com diversas atividades, e uma delas é a brincadeira do faz de conta, onde inventávamos histórias, vestíamos personagens, criávamos uma vida e situações fantasiosas, acreditando em tudo que existia nesse mundo imaginário e infantil.
O tempo passou e deixamos as brincadeiras de lado, pois a vida se tornou séria demais, a vida parece dura e fria demais, a realidade nos impõe situações que temos que ser fortes e vencer, algumas pessoas que encontramos em nosso caminho se fizeram inflexíveis em suas ações, e desta forma procuramos nos defender a qualquer preço e de qualquer modo.
E quando nos damos conta do momento, percebemos que estamos novamente brincando de faz de conta. Tentando criar assim um mundo mais tolerável, ou mais justo dentro do nosso imaginário, agora agindo como adultos, mas com um comportamento imaturo, o meu mundo de faz de conta.
Faz de conta que gosto do meu trabalho.
Faz de conta que gosto da vida que tenho.
Faz de conta que me aceito.
Faz de conta que sou feliz.
Faz de conta que me amo.
Faz de conta que sou amada.
Faz de conta que te amo.
Percebemos que queríamos falar a palavra não, tantas vezes, mas fracassamos, fizemos e ainda fazemos ações contra a nossa vontade e inconscientemente contra nós mesmos.
Normalmente usamos a palavra – não – com quem mereceria de nós, o nosso sim. E depois nos culpamos por isso, equivocadamente tentamos reparar e mais estragos fazemos.
Percebemos que erramos, falhamos como quaquer outro ser-humano…mas não nos perdoamos por esses atos, por essas ações.
Percebemos que amamos, mas não conseguimos nos libertar da dor ou amar novamente a pessoa que nos feriu.
Uma parcela nossa deseja sentir-se que é amada……mas uma outra parcela, não permite que esse mesmo amor se aproxime de nós novamente.
Quando olhamos ao nosso redor notamos que as pessoas se foram, e então percebemos o quanto a amávamos, mas emudecido choramos, pois não mais caminham ao nosso lado.
E das pessoas que sabemos que amamos e estão ao nosso lado.….não conseguimos muitas vezes delas nos aproximar, e dar-lhes um beijo, um abraço, uma palavra de carinho…ou um olhar afetuoso, ou ouvido amigo. Mas levemente as ferimos e matamos aos poucos seu sentimento por nós
Somos afastados por uma barreira invisível e impenetrável, como as polaridades inversas de um grande imã impiedoso.
Então procuramos esquecer, justificar para não sofrer . . . É o faz de conta novamente agindo em nós.
Acreditamos que precisamos de um corpo novo e corremos atrás dessa mudança.
Acreditamos que precisamos de roupas novas…casas novas..amigos novos….sapatos novos……uma vida nova.. ..para que possamos desta forma ser pleno e feliz.
Mas para ser feliz precisamos interromper a brincadeira do faz de conta, sermos autenticos, compreendermos como estamos, como pensamos, o que desejamos e a razão desse desejo.
Precisamos para ser feliz, observar não apenas onde estou…mas como cheguei até aqui…..qual a razão da minha caminhada , quais os caminhos existentes. E o mais importante…….quais são os meus sonhos…..desta forma poderei traçar a minha rota para o meu destino.
Nesse processo mais consciente, haverá em nós um estado de convicção interna inabalável.
Poderemos caminhar com mais segurança e sentiremos em nossos passos a felicidade…em nossos olhares a afetividade, em nossos gestos a bondade, em nossas palavras a ternura.
E novamente a centelha do amor estará acessa dentro do coração.
(Ricardo Ribeiro)