SÉRIE VIVÊNCIAS CLÍNICA SEM FRONTEIRAS
Em atendimentos clínicos tenho identificado situações que culminam em quatro pontos fundamentais, em que os pacientes na sua busca pela felicidade ou fugindo de suas dores inconscientes, deixa exteriorizar-se em comportamentos que na maioria das vezes leva anos para que cada um possa identificar-se neste processo, pois muda-se os elementos das vivências, mas a forma da expressividade continua sendo executada a cada dia de maneira mais elaborada em seus objetos identificados.
O primeiro comportamento é o perfeccionismo, em que a pessoa escraviza-se em processos idealizados de perfeição, onde o mundo, as coisas e as pessoas, devem ser da maneira que elas acreditam. O seu certo, o seu bom, o seu jeito é tão óbvio para elas, que elas não entendem, e não há razão em ser de outra forma, não faz sentido algum as coisas serem fora de seus padrões.
Esses indivíduos sofrem muito, desgastam-se muito para atender suas próprias expectativas ou de terceiros, concomitantemente fazem sofrer todos os demais que estão envolvidos nesse processo de impossível manutenção sadia e harmoniosa.
Devem entender que a busca da perfeição não determina que tudo e todos devem ser perfeitos, e que há momento de perfectibilidade; e quando escraviza-se nesse processo, nessa busca, os sofrimentos são um ótimo indicador em que estamos utilizando nosso tempo e nossos talentos de forma não positiva, em vista dos resultados obtidos a médio e longo prazo.
O segundo comportamento é o consertador, são pessoas que estão numa ânsia profunda de consertar o mundo, consertar as pessoas, e muitas vezes consertar elas mesmas, utilizam seus padrões de perfeição, e dão o seu tom a todas as situações da vida, ditam as cores novas do arco-íris, escrevem regras para o mundo, estão dentro de todas as profissões e religiosidades, estão de forma tirana dentro dos lares, nos relacionamentos, nas amizades, em todas as expressões afetivas e profissionais.
Nenhuma pessoa têm conserto, o que pode ser consertado são coisas. Pessoas são transformadas, modificadas, renascem, mas por elas mesmas, o máximo que conseguimos e mudar a sua percepção do mundo, dar-lhes novas possibilidades e mais opções frente a vida.
O terceiro comportamento é o Guardião, são profissionais da segurança, certificados em limitar ou destruir liberdades, liberdade de pensar, de expressividade, de quem deve ou não ser amado. Outros querem proteger seus amores-posse, amores-fuga, amores-transferências, amores-distrações, onde talvez não de forma tirana, mas também e infinitamente limitante, onde impedem que o outro possa fazer ou até pensar em suas próprias escolhas.
Tudo que protegemos de certa forma pode ser roubado, retirado de nós, percebemos então que aquilo não nos pertence, procuramos num desespero frente a vida, agarrar de forma em que sempre fique sob nosso domínio nossa posses, matérias, emocionais e até espirituais. Tolas lutas, como areia em nossas mãos irão escorrer pela linha do tempo.
É necessário muito trabalho de identificação do si próprio e dos valores do outro, para que se perceba alem dos limites estreitos da alma insegura e cega.
O quarto comportamento é o individuo nulo, não sabe mais o que é a sua vida, vive a vida do outro, ou dos outros, tenta com todas as suas forças, seus conhecimentos, técnicas e forças espirituais fazer o outro feliz, lutas inglórias e fadadas ao fracasso.
Vivemos em conformidade cada um com suas próprias escolhas e visões do mundo, mudamos e nos transformamos no tempo certo…e esse tempo certo é de cada um, em sua caminhada pela vida.
Não podemos viver a vida dos outros e pelo outros, podemos sim, caminhar ao lado, desde que nossos caminhos sejam paralelas…mas não opostas.
“Sinta a vida pulsar em sua própria vida…só assim sentirá e poderá tocar um outro coração, uma outra vida”
(Ricardo Ribeiro – Psicanalista sem Fronteiras)