Hoje o manto negro da noite pousou em meu coração.
A tarde se foi e a escuridão se aproximou de mansinho.
Ela é paciente e não tem pressa, quando menos espera ela se apresenta.
Então precisei de ti e não te encontrei nessa hora escura.
Precisei de ouvidos para me ouvir e tive que me servir dos meus.
Quis um colo e me contentei com as minhas próprias mãos acariciando uma a outra, num ritmo frenético, tenso e frio.
Precisei dos seus olhos e apenas o que vi foram minhas lágrimas rolando em minha face.
Como nessa noite implorei a tua voz e tive o mais cruel silêncio.
Esperei por anjo amigo, mas veio a mais negra escuridão.
Então minha sombra interna encontrou-se no vazio, e a vida perdeu o sentido.
Não houve negociação, não houve acordo, agora era hora da escuridão.
Sentimentos, pensamentos, reflexões me arrastaram para seu abismo.
Agora em seu mundo fui conduzido a seu modo.
Me percebi cego, surdo, mudo e coxo da alma.
Antes que tudo se fechasse numa escuridão fria e solitária no espírito.
Algumas palavras ainda suspiravam a esperança pela vida.
Por que? Por que?
Mostra-me o que queres? Mostra-me onde erro?
Então o coração respirou uma gota de luz da piedade infinita.
Não vi teu rosto, mas te senti, sei que existe e te encontrarei.
Outras noites escuras existirão, mas agora já fomos apresentados.
(Ricardo Ribeiro)
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